domingo, 12 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

"Pequeñas Situaciones"

This is a fantastic image which captures a moment of life. It reminds of two masters: Rodchenko and Cartier Bresson. Two different views and approaches in the same shot. I will have to come back to this one for a more thorough evaluation.
What I like in this picture is the slow pace which permeates the scene. The place is not crowded. The two figures on the bench in the middle having a conversation which seems relaxed and enjoyable. This is also the case of the other two people one of whom shares the bench with the other two. The person sitting alone seems to be listening on the conversation or is curious since there seems to be some excitement in this conversation. The man walking his dog is doing the same thing. This makes me wonder what might the two people be saying that is exciting? We will never know but we can make and imagine all sorts of possibilities and scenarios. The openness of the scene and composition as well as the angle emphasize the relaxed slow pace. It is a scene reminding us of the necessity to make the time to enjoy each other and to savor life in its simplest elements. I really enjoy this picture and will certainly come back to see it again and again.
Aref Nammari

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

NADADORES - P.R.Baptista

photo Wayne Levin
Não queria a perfeição. Não queria a eternidade.
Não queria sequer a plenitude, mas, pelo menos, algo que me permitisse seguir atravessando o espaço da existência com a idéia de um significado. E enquanto me extingo não me desesperar.
Mas o mar é tão largo e tão profundo!
Resistirei?
Terei forças para vencer com meus braços e minhas pernas as longas distâncias, os grandes desafios?
E quantos de nós vão prosseguir sem sucumbir?
Já não sei se esta dança, este bailado submarino representa alguma coisa do que somos.
Nadadores? Seres marinhos?
Há muito deixamos para trás nosso âmago nascido nas águas.
Mas, por momentos, ressurge, vindo de longe dos antepassados, uma vontade de voltar ao mar, de voltar à origem.
Por isto, quando morrer, quero que joguem minhas cinzas ao mar. 

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Ser Mitológico


Divido-me entre o imaginário
e o real
como um ser mitológico
metade deus
metade animal

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Encruzilhada do Tempo



Estou numa esquina de Paris.
Para onde ir?
Diante da vidraça procuro me encontrar
São tantos os destinos!.
Devo entrar?
Queria estar lá de novo, na mesma encruzilhada do tempo
e traçar para mim mesmo, como quem brinca, 
um destino novo.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

"O Pensamento"

Venice
A fotografia, tão desafiadora a análises, em determinados momentos parece colocar-se, basicamente, como uma interpretação, uma "leitura", feita através do olhar, da realidade.
No caso das fotografias de flagrantes, esta leitura deve ser muito rápida, praticamente instantânea, o que acrescenta em muito ao desafio de agregar à imagem, em fração de segundos, elementos constituintes de uma particular visão "política" ( escolha dos temas, editoração da apresentação) e elementos de ordem estética, principalmente enquadramento e composição.  
Um exercício verdadeiramente fascinante.

sábado, 28 de janeiro de 2012

"Carreras"

Fim de tarde em Barcelona. 
O local é uma antiga Plaza de Toros transformada em pista para corridas de galgos. 
Esta cena me fascina. 
Espectadores, esparsos em alguns pontos,  mais concentrados em outros, acompanham das arquibancadas os páreos, as "carreras",  disputados lá embaixo. 
Está-se num intervalo o que explica o ar de expectativa dos espectadores.  
Com o pôr do sol as sombras vão se avolumando tomando rapidamente conta da Plaza. 
Logo disputa-se a última corrida e, mais um pouco, as sombras tomarão conta de tudo.
A tarde, então,  terá ficado para trás perdendo-se em algum canto da memória.
Este fim de  tarde em Barcelona,.

domingo, 22 de janeiro de 2012

O Beijo

foto p.r.baptista ( Montevideo)

Sentado à frente de J. há algum tempo, de fato os 45 minutos que estavam juntos à mesa do café, F. procurava lhe dizer alguma coisa mas ela parecia não entender.
Talvez esta dificuldade fizesse parte da natureza humana e tudo que duas pessoas pudessem se aproximar uma da outra, fosse a distância em que se encontravam naquele momento.
A mesinha do café era pequena, suas mãos se as colocassem ao mesmo tempo sobre a mesa quase se entrelaçavam. Ocorreu até de F.  pegar da mão de J. para enfatizar algum argumento ou simplesmente para pegar sua mão delicada.
Entre eles, no entanto, havia algo que era intransponível.
F. perguntava-se se não se tratava de uma questão que dizia respeito apenas a ele .
Esta vontade ao mesmo tempo física e metafísica que tinha de invadir a intimidade psíquica de   J.  é que podia estar na raiz do que considerava uma impossibilidade filosófica.
Como dois corpos que não podem ocupar o mesmo lugar no espaço F. não tinha como pretender entrar no íntimo de outra pessoa, de J. no caso. Sua permanente vontade de extrair a lógica de tudo não ajudava em se aproximar de J.
E isto o angustiava.
Pediu outro chá e outro bolinho.
- Quer também?, perguntou a J. 
J. respondeu que não.
F. sem saber se a resposta sinalizava para uma impaciência de J. ou simplesmente resultava da intenção de não engordar, ficou mais ansioso.
Olhou o relógio, o que estava evitando até agora para não chamar a atenção sobre o tempo, e verificou que o encontro já durava uma hora.
Deu-se conta também que não iria adiante do que tinham evoluído até aquele momento e que parecia bem pouco.
Decidiu, então, abrir mão de insistir.
Qualquer tentativa em contrário seria agora suicida pois poderia por a perder o que tinha alcançado.
Recostou-se um pouco para trás na cadeira e respirou.
Era o momento em que os fumantes puxam um cigarro de algum lugar para queimar.
J.  não fumava, do contrário nem teria sido agradável ficar sentado com ela todo aquele tempo, aliás nem ficaria, mas imaginou uma cena na qual ela, numa atitude típica dos fumantes, sem ter como acender o cigarro, ficasse perguntando às pessoas pela volta: “tem fogo?”
Uma cena, antes considerada como inteiramente sociável, agora estaria totalmente deslocada  e seria quase surrealista.
Na pausa que se seguiu nenhum dos dois falou.
F. então decidiu retomar a conversa com uma pergunta bem simples:
- A que horas viajas amanhã?
- Às duas... isto é, se conseguir passagem.
J. viajava no dia seguinte para fazer uma entrevista de emprego noutra cidade.
=- Eu te levo na Rodoviária.
- Não, não é preciso, ficaria incômodo prá ti.
À esta altura F. já tinha tomado o segundo chá acompanhado do segundo bolinho.
J.  movimentou-se na cadeira para levantar-se.
- Bem, já vou indo, disse, já de pé, tenho que tomar várias providências.
F. levantou-se também e postou-se à sua frente procurando encontrar o que dizer.
- Ciao, disse J. , aproximando-se para abraçar F. ou lhe dar um beijo, mas num ato surpreendente deu-lhe um beijo na boca. Digo surpreendente porque nunca tinham se beijado assim, seus contatos eram todos formais.
- Pagas o meu chã? perguntou. Fico te devendo, acrescentou. E antes que F. respondesse qualquer coisa foi se afastando dizendo apenas
- Nos vemos.
F. ainda pôde vê-la, pela janela, contornar a esquina e desaparecer.
Permaneceu um pouco atônito sentado na mesinha procurando entender o que tinha ocorrido.
- Um outro chá! , pediu à atendente que se aproximou para acompanhar o que ocorria na mesa.
- E um outro bolinho? , perguntou.
A pergunta o trouxe de volta ao mundo.
Ohou para a moça que o atendia e pôde reparar em seus olhos fitos nos seus à espera da resposta. Até aquele momento só tinha vagamente se dado conta que ela parecia ter um corpo atraente.
- Sim, claro, respondeu sem ter como dizer outra coisa.
Tentou voltar seu pensamento para a despedida de J. mas já tinha se desconcentrado.
Quando a moça retornou para trazer o terceiro chá e o terceiro bolinho sua atenção estava toda voltada para apreciar o seu encanto.
Quase que pede um quarto chá mas decidiu que era hora de voltar.
O que intriga nesta estória é que depois daquela data só teve notícias esparsas de J.
A cidade grande traga as pessoas que literalmente desaparecem.
Pensou várias vezes em procurá-la mas acabava sempre adiando.
- Uma pena, lembrava-se F. algumas vezes,  porque nunca mais esqueceu aquele beijo.